quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

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Apetece-me chorar.
Lágrimas grossas.
Ao fim de algum tempo elas tinham de vir.
Resisti durante bastante tempo, mas agora que relembro tudo o que se passou naquele dia tão agitado.
As recordações vão indo conforme o passar dos tempos, com o passar dos anos tudo vai-se esquecendo mas há situações que por muito tempo que passe nunca as vou esquecer.
Aquela agitação, aquele ar pesado, aquela noite sem dormir, aquele pesar no coração, aquela angustia..Aquele dia.
Agora choro. Sozinha. Sou solitária. Sou como tu.
Tenho pena de não puderes agora cá estar para veres no que no tornei.
(Caiu agora uma lágrima, das grossas.)
Luto para continuar forte.
No primeiro ano passado foi como se tudo ainda tivesse anestesiado para mim.
No segundo ano passado comecei a acordar da anestesia.
O ano passado. terceiro ano passado comecei a reconhecer.
Este ano, quarto, finalmente choro.
Lágrimas de quatro anos.
(Cai outra lágrima.)
Ás vezes ponho-me a pensar em ti mas tento evitar pois acabo sempre com a lágrima no canto do olho.
Nunca fui ao cemitério embora a avó estivesse sempre a dizer se eu não tinha vergonha de não ir la e ser tua filha. Fraqueza minha.
Escondia-me atrás daquela frase típica minha de forte : " Não me diz nada ir lá."
Por um lado não me diz nada mas eu acho que já acordei o suficiente para acabar com isto.
Hoje.
É hoje Pai. Foi Hoje.
Saudades. Eternas Recordações.

Tua filha Luísa M.

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